Descrição
Livro desvenda aspectos singulares do cotidiano do povo curdo em áreas de conflito.
O livro Mundo desconhecido relata em imagens os cerca de 30 dias vividos por Alex Mehedff em uma das zonas de conflito mais temidas do planeta: os territórios curdos do Iraque e da Síria. São cerca de 120 fotografias impressionantes que mostram ângulos da guerra contra o Estado Islâmico.
“Em maio de 2015, a produtora de que sou sócio, a Hungry Man Brasil, iniciou um projeto para um novo programa de TV chamado ‘Zonas de Conflito’. A primeira temporada seria gravada nos territórios curdos do Iraque e da Síria”, relata. Durante as reuniões preparatórias, Alex percebeu que este seria um chamado de natureza pessoal para trabalhar na produção do programa. Seria também uma chance única de conhecer a Síria, terra do avô paterno, e sua realidade atual, apesar do perigo iminente que ronda a região. “Durante muitos anos, eu, meu pai e meu irmão conversamos a respeito. Mas a oportunidade ainda não havia surgido por inúmeras razões”, diz.
Assim, com uma máquina fotográfica em punho, um apurado olhar em mais de 20 anos trabalhando com imagens para diversas telas e muita coragem, Alex passou mais de 30 dias captando o cotidiano do front curdo: trincheiras, soldados peshmergas, líderes tribais, mulheres e crianças em cenários que podiam ser bombardeados a qualquer momento. Originalmente, a ideia era somente compartilhar registros fotográficos do trajeto realizado em meio às áreas conflagradas até chegar à terra do avô, durante a produção do programa. “Não são fotos jornalísticas. Como produtor, havia levado comigo a minha Leica MP-240 com 1 lente, uma 35mm, que usei sem propósito muito definido. A lente apenas acompanhava o meu olhar, seguia o rumo das minhas reflexões”, conta.
Voltando ao Brasil, o autor não deu importância imediata às duas mil fotos que produziu. O acervo só foi avaliado depois, quando amigos e familiares começaram a ver as imagens. Havia ali uma unidade permeada pela emoção e justificada pelo dia a dia de escombros, portas crivadas de balas, trincheiras e quartéis, e principalmente, pelos hábitos de uma sociedade que vive da mesma maneira há quatro mil anos, razão pela qual se recusam a sair ou se a tornarem refugiados. “Com exceção dos smartphones, úteis para registrar e divulgar suas lutas, os signos de status da vida contemporânea não exercem nenhum fascínio sobre eles. Todos vestem as mesmas roupas, calçam os mesmos calçados, tomam chá em xícaras de um único modelo. Ninguém ambiciona uma vida diferenciada. Pelo contrário. Querem continuar sendo curdos, como foram seus pais, avós, bisavós, trisavós”, finaliza Alex.
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