Rondon: Inventários do Brasil, 1900 – 1930

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Descrição

Sob a designação Comissão Rondon, costuma-se reunir as viagens e atividades realizadas por militares brasileiros do setor de engenharia e construção do exército, entre 1900 e 1930, no âmbito dos trabalhos das comissões telegráficas de Mato Grosso (1900-1906) e de Mato Grosso ao Amazonas (CLTEMTA, 1907-1915), incluindo a administração das estações e conservação das linhas; a preparação de relatórios e a criação do Serviço de Proteção aos Índios e Localização dos Trabalhadores Nacionais (SPILTN; as viagens de levantamento e exploração científica de rios, cujo material seria utilizado para a confecção de uma Carta do Estado de Mato Grosso; e, finalmente, a realização dos serviços de Inspeção de Fronteiras aos quais Cândido Mariano da Silva Rondon, o comandante militar da CLTEMTA, dedicou-se de 1927 a 1930.

Associado aos trabalhos de extensão de fios telegráficos, inspeção de fronteiras e contato com populações indígenas remotas, realizou-se um imenso inventário do Brasil. As atividades estratégicas da Comissão Rondon visavam a integrar o território e os povos da República, além de garantir as fronteiras do país. A integração foi também científica e simbólica. Botânicos, zoólogos, antropólogos, geólogos e cartógrafos enfrentaram os perigos das expedições por terrenos desconhecidos, seguindo os passos dos militares. De seus trabalhos resultaram mapas, coleções e análises da flora e da fauna e farto material etnográfico, além de estudos relativos ao curso e à navegabilidade de rios. A atuação dos expedicionários contemplou a produção de fotografias e filmes que, de maneira bastante eficaz, fixaram uma impressionante imagem do Brasil indígena. A Comissão Rondon usava as imagens como forma de legitimação de suas atividades e como registro. A cinematografia da Comissão, por exemplo, realizou o que se considera ser o primeiro filme etnográfico do mundo: “Festas e rituais bororo”. As belas fotografias de paisagens, pessoas e costumes marcaram o imaginário da nação durante todo o século XX e hoje se constituem em rica memória histórica e etnográfica. O desbravamento de regiões que adentraram, os trabalhos científicos que produziram, as imagens do país e de seus habitantes que divulgaram formam um conjunto de informações e representações que influenciou diversas gerações de brasileiros.

A variedade e extensão dos trabalhos empreendidos por civis e militares sob a coordenação de Rondon ainda não foram devidamente avaliadas pela historiografia. As organizadoras destacam que o livro busca refletir sobre a produção de conhecimento realizada durante a Comissão e suas premissas. Por mais diversos que tenham sido os agentes chamados a contribuir com os esforços estratégicos propostos pelo Estado brasileiro, eles de algum modo comungavam concepções epistêmicas e valores patrióticos semelhantes ou ao menos se reconheceram na divisa positivista de “Ordem e Progresso”. O livro, com patrocínio da EDF Norte Fluminense, espera envolver o leitor no amplo universo da Comissão Rondon e dos técnicos e cientistas que a acompanharam.

Informação adicional

Peso 2,310 kg
Dimensões 28 × 30 × 3,4 cm
Autor

Nísia Trindade de Lima, Dominichi Miranda de Sá, Lorelai Kury, Magali Romero, Maria de Fátima Costa, Íris Kantor, Fernando de Tacca, Marta Amoroso, Paula Montero, Laurent Fedi

Organizacao

Lorelai Kury e Magali Romero Sá

Formato

300 páginas.

ISBN

9788588742864

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