Descrição
Lançada pela primeira vez em 1998, quando teve os seus 3 mil exemplares esgotados rapidamente, a obra de referência “Rio de Janeiro: Centro Histórico Colonial – 1567-2015”, de Nireu Cavalcanti, ganha uma edição revisada e ampliada.
Entre as diferenças para a obra original estão a inclusão de logradouros e a atualização das fotos das edificações remanescentes e do mapa. De acordo com o autor, o mapa contendo a área urbana em 1808, quando a cidade recebeu a Corte portuguesa, está superposto a uma foto aérea atualizada, que inclui todas as transformações havidas até o ano passado.
“O livro resulta de anos de pesquisa sobre a cidade, para a tese de doutorado sobre o Rio de Janeiro setecentista. Fiz fichas dos logradouros com todos os nomes que surgiam em documentos primários e em livros sobre o Rio. Percebi a necessidade para os estudiosos da cidade de um livro tipo dicionário sobre os logradouros e edificações surgidos no período colonial da Cidade Maravilhosa. Como sou arquiteto e urbanista, busquei usar, além do recurso textual, as imagens iconográficas como ilustração do texto”, explica o alagoano Nireu Cavalcanti.
O livro pretende suprir a falta de uma fonte de consulta, objetiva e concisa, que reunisse os logradouros, ao longo de sua existência, desde seus nomes originais até os atuais. Faltava um livro que juntasse todas essas informações, ligando-as a uma linguagem gráfico-visual (mapa, por exemplo) de fácil leitura e identificação. O público-alvo que se busca com esta obra são os amantes da “Cidade Maravilhosa”, desde o mais refinado intelectual até o aluno do primeiro grau; do guia de turismo à dona de casa.
Trecho do livro sobre a origem dos nomes dos logradouros
“É importante entender como se originaram os diversos nomes dados aos logradouros classificados por nossos antepassados, segundo algumas características, de caminho, estrada, azinhaga, campo, paragens, sertão ou rocio, antes de passarem a ser denominados rua, beco, travessa, largo, praça ou praia. Houve um momento em que as autoridades e a população, percebendo as transformações ocorridas na via, passaram a enxergar um caminho como rua, ou um campo como praia e a transição que percorrera de espaço rural ou semi-rural para urbano.
A primeira denominação, em geral, consistia em mera descrição de sua situação em relação a outros logradouros, acidentes geográficos, edificações importantes, marcos referenciais da cidade, ou mesmo formato. Assim, a uma via perpendicular à orla marítima chamou-se “Desvio do mar” e àquela, no alto do morro, “Cume do sal”. Havia o “caminho que vai para a Ajuda” (igreja) e o “que vai da Ajuda para o Desterro”, bem como o “caminho dos Arcos” (aqueduto da Carioca), da Forca ou da Polé, do Boqueirão e as Ladeiras do Seminário ou do Poço do Porteiro, o Beco do Cotovelo, a denunciar que apresentava grande inflexão.
Com o passar do tempo, o logradouro adquiria o nome da edificação mais significativa que por acaso nele existisse ou, porventura, que a ele conduzisse. Assim, foram batizadas a Rua da Cadeia, do Aljube, da Ópera, do Guindaste, do Cemitério, do Rosário, da Alfândega, do Senhor dos Passos, do Bom Jesus, da Candelária, de São Pedro, do Açougue, do Quartel, de Bragança, de Santa Efigênia, da Boa Morte, Detrás do Carmo e Detrás do Hospício… Como se vê, são nomes que, em sua grande maioria, referem-se às igrejas já existentes nesses logradouros.
Também era comum o povo passar a chamar uma via escolhendo o nome de algum de seus moradores a partir da notoriedade social adquirida. É o caso, por exemplo, da Rua da Assembleia, que antes foi conhecida como a Rua do Padre Bento Cardoso, de Marcos da Costa ou de Manoel Ribeiro. O mesmo se deu com a atual Rua Buenos Aires, que fora do Padre Luiz Mattoso, do Teixeira, de Ascêncio Matoso e do Sebastião Ferrão.
As profissões ou tipo de comércio deram, igualmente, origem a nomes dos logradouros: Rua dos Pescadores, dos Latoeiros, dos Ourives, das Violas, da Quitanda, dos Escrivães, do Sabão, das Carnes-Secas, dos Madeireiros, dos Ferreiros, o Beco dos Barbeiros, o Beco do Azeite, a Praia dos Mineiros e a Praia do Peixe. Até mesmo um fato pitoresco ou marcante para a cidade que ocorrera numa determinada área poderia ser motivo para o batismo do logradouro: Matacavalos, Mataporcos, Quebra-Canela, Rua do Fogo, Rua dos Três Cegos, Rua da Fidalga, Campo dos Ciganos, Rua da Escorregadeira ou Rua do Sucussarará que, para alguns historiadores, advém do fato de ter ali residido um médico especialista em curar doenças do reto, mas, para o qual concorro com outras hipóteses no decorrer deste trabalho”.
Sobre o autor
Nascido em 12 de maio de 1944, na cidade alagoana de Olivença, Nireu Oliveira Cavalcanti é arquiteto, urbanista, doutor em História Social, com ênfase em História urbana, e especialista em Planejamento Urbano e Regional e em Metodologia do Ensino Superior. Como arquiteto é o responsável pelos projetos (partidos arquitetônicos) do “Centro de Estudos do Petróleo” para o Instituto de Geociências da UFF, em 2005, e do campus avançado da UFF, em Rio das Ostras (RJ), em 2004), e pelo projeto para o Laboratório de Conforto Ambiental e Eco Eficiência, da Escola de Arquitetura e Urbanismo, da UFF, também em 2005.
Ex-Diretor (entre 2003 e 2007) e atualmente professor da Escola de Arquitetura e Urbanismo da UFF, Nireu tem entre seus livros publicados os seguintes títulos: “O Rio de Janeiro setecentista: a vida e a construção da cidade da invasão francesa até a chegada da Corte” (Zahar, 2003, com reedição pela Biblioteca Rio450 – publicação oficial, em 2015); “Histórias de Conflitos no Rio de Janeiro colonial: da carta de Caminha ao contrabando de camisinha (1500-1807)” (Civilização Brasileira, 2013); “Arquitetos e engenheiros: sonho de entidade desde 1798” (Crea-RJ, 2007); “Crônicas históricas do Rio colonial” (Civilização Brasileira/Faperj, 2004); “Santa Cruz: uma paixão” (Relume Dumará/Prefeitura do Rio, 2003); “Rio de Janeiro centro histórico 1808-1998: Marcos da Colônia” (Anima/Dresdner Bank Brasil, 1998); “Construindo a violência urbana” (Madana, 1986), e “Casarão vermelho: centenário da construção do quartel do Comando Geral do Corpo de Bombeiros, 1908-2008”, com Renata Santos (Casa da Palavra: CBMRJ, 2008).
Nireu Cavalcanti ficou com o primeiro lugar na 42a Premiação Anual do Instituto de Arquitetos do Brasil, em 2004, com o livro “O Rio de Janeiro setecentista: a vida e a construção da cidade da invasão francesa até a chegada da Corte”, e recebeu em 2003 moção de congratulações pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro “pela qualidade intelectual, gráfica e artística da (mesma) obra”. Ainda teve seu nome entre as personalidades que se destacaram no Rio de Janeiro, em 2003, segundo a revista “Veja Rio”, e foi indicado para o Prêmio Faz Diferença, do jornal “O Globo”, em 2012, na categoria Ciência e Saúde.
Apoio: Faperj
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