Flora das Caatingas do Rio São Francisco – Prêmio Jabuti 2013 | 1º lugar em Ciências Naturais

Descrição

Flora das Caatingas do Rio São Francisco é um sinal de alerta sobre um dos ecossistemas brasileiros menos conhecidos cientificamente e marginalizado historicamente em termos de políticas de desenvolvimento econômico e social e conservação de suas riquezas naturais, incluindo a biodiversidade.

O título Flora das Caatingas, ao invés de simplesmente Caatinga, tem o objetivo de sinalizar ao leitor os propósitos desafiadores da edição. Dividido em 13 capítulos, o livro é resultado de quatro anos de pesquisa, mais de 340 mil km percorridos em 212 expedições que correspondem a 8,6 voltas no planeta Terra. Fizeram parte deste empreendimento 99 co-autores que realizaram esforços contínuos em conhecer os mecanismos que regulam e organizam as comunidades florísticas nas Caatingas do São Francisco e permitiram identificar 1031 espécies de plantas. Aspectos biogeográficos, relações com clima, o solo, os desafios, as oportunidades, a história de vida e a ecologia de uma vasta flora, incluindo as plantas aquáticas, que se ampliam aos olhos da ciência à medida que se ampliam os inventários biológicos sertão adentro, são abordados nesta obra de referência sobre o bioma Caatinga.

Ao mesmo tempo em que traz informações com base científica sobre a necessária conservação e as reais dimensões deste patrimônio ambiental genuinamente brasileiro, o livro instiga os sentidos e a imaginação do leitor através de cerca de 400 imagens que deslumbram ao revelar uma paisagem multicolorida, que pode surpreender quem não conhece a Caatinga e suas diversas cores. O livro mostra o caráter de identidade e afirmação de uma região plural, que assume a sua condição natural afastando a ideia do subjugado, da terra rachada, da seca intangível presentes nos poemas de João Cabral de Melo Neto, quebrando o mito de um ecossistema pobre em espécies e endemismos, para substituí-lo por surpreendentes descobertas que apontam um incremento de 380% no total de espécies referidas para aquele bioma.

Flora das Caatingas do Rio São Francisco traz as preocupações ambientais da região à medida que transformações drásticas de seus habitats se aproximam, como por exemplo, aquelas oriundas da transposição do rio São Francisco, a maior obra de engenharia em andamento no país. Analisando dados históricos e atuais reunidos nestes quatro anos, os autores demonstram erros e acertos no uso dessa paisagem cujos recursos estão longe de terem garantido o seu aproveitamento ideal, bem como a preservação e valorização dos seus recursos ambientais para futuras gerações.

“No contexto de conservação da biodiversidade é evidente na narrativa da obra alguns elementos de denúncia em relação a projetos desastrosos induzidos pelo poder público; de descontentamento com o ‘tempo perdido’ pelos acadêmicos em descrever a biodiversidade desta biota; mas também de apelo à sociedade sobre a relevância desta biota, neste quase “apagar das luzes” que precede grandes mudanças nos padrões de uso do solo e talvez de clima” diz o pesquisador José Alves, professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf).  “Este livro oferece a oportunidade para conhecer o que há muito devia estar documentado e devidamente protegido” complementa o organizador da edição.

Flora das Caatingas do Rio São Francisco também brinda o leitor com informações e relatos de antigos viajantes e naturalistas ilustres que documentaram aspectos da paisagem, flora, fauna e comportamento que, no caminhar do sertão, descortinaram uma natureza rica, bela e resistente. As referências iconográficas auxiliam a compreender o status atual do São Francisco, a constatar as alterações no ambiente ao longo da história e a elaborar previsões para o futuro.

O organizador da obra: José Alves de Siqueira Filho
Dezesseis anos de pesquisas, dezenas de artigos publicados no Brasil e no exterior e mais de 35 novas espécies apresentadas à ciência. Mestre em Ciências Biológicas e doutor da Universidade Federal de Pernambuco, com especialização na Alemanha. Atualmente é professor adjunto da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). Tem experiência na área de Botânica Sistemática e Ecologia de Ecossistemas, com ênfase nos biomas Caatinga e Mata Atlântica.